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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A ORIGEM DAS FESTAS NATALINAS



A celebração do Natal antecede o cristianismo em cerca de 2000 anos. Tudo começou com um antigo festival mesopotâmico que simbolizava a passagem de um ano para outro, o Zagmuk. Para os mesopotâmios, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do inverno, eles acreditavam que os monstros do caos enfureciam-se e Marduk, seu principal deus, precisava derrotá-los para preservar a continuidade da vida na Terra. O festival de Ano Novo, que durava 12 dias, era realizado para ajudar Marduk em sua batalha.

A tradição dizia que o rei devia morrer no fim do ano para, ao lado de Marduk, ajudá-lo em sua luta. Para poupar o rei, um criminoso era vestido com suas roupas e tratado com todos os privilégios do monarca, sendo morto e levando todos os pecados do povo consigo. Assim, a ordem era reestabelecida. Um ritual semelhante era realizado pelos persas e babilônios. Chamado de Sacae, a versão também contava com escravos tomando lugar de seus mestres.

A Mesopotâmia inspirou a cultura de muitos povos, como os gregos, que englobaram as raízes do festival, celebrando a luta de Zeus contra o titã Cronos. Mais tarde, através da Grécia, o costume alcançou os romanos, sendo absorvido pelo festival chamado Saturnalia (em homenagem a Saturno). A festa começava no dia 17 de dezembro e ia até o 1º de janeiro, comemorando o solstício do inverno. De acordo com seus cálculos, o dia 25 era a data em que o Sol se encontrava mais fraco, porém pronto para recomeçar a crescer e trazer vida às coisas da Terra.

Durante a data, que acabou conhecida como o Dia do Nascimento do Sol Invicto, as escolas eram fechadas e ninguém trabalhava, eram realizadas festas nas ruas, grandes jantares eram oferecidos aos amigos e árvores verdes - ornamentadas com galhos de loureiros e iluminadas por muitas velas - enfeitavam as salas para espantar os maus espíritos da escuridão. Os mesmos objetos eram usados para presentear uns aos outros.

Apenas após a cristianização do Império Romano, o 25 de dezembro passou a ser a celebração do nascimento de Cristo. Conta a Bíblia que um anjo, ao visitar Maria, disse que ela daria a luz ao filho de Deus e que seu nome seria Jesus. Quando Maria estava prestes a ter o bebê, o casal viajou de Nazaré, onde viviam, para Belém a fim de realizar um alistamento solicitado pelo imperador, chegando na cidade na noite de Natal. Como não encontraram nenhum lugar com vagas para passar a noite, eles tiveram de ficar no estábulo de uma estalagem. E ali mesmo, entre bois e cabras, Jesus nasceu, sendo enrolado com panos e deitado em uma manjedoura (objeto usado para alimentar os animais).

Pastores que estavam com seus rebanhos próximo ao local foram avisados por um anjo e visitaram o bebê. Três reis magos que viajavam há dias seguindo a estrela guia igualmente encontraram o lugar e ofereceram presentes ao menino: ouro, mirra e incenso, voltando depois para seus reinos e espalhando a notícia de que havia nascido o fiho de Deus.

A maior parte dos historiadores afirma que o primeiro Natal como conhecemos hoje foi celebrado no ano 336 d.C.. A troca de presentes passou a simbolizar as ofertas feitas pelos três reis magos ao menino Jesus, assim como outros rituais também foram adaptados.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Tragédia de Pompéia

Texto: Eduardo Marculino

Nas horas que se seguiram à erupção do Vesúvio, morreram 16 mil habitantes de Pompéia, praticamente 80% de toda a população.
por René Guerdan
Cinzas e lama moldaram os corpos das vítimas, permitindo que fossem encontradas do modo exato em que foram atingidas pela erupção do Vesúvio, cujo vulto vê-se ao fundo


Nas horas que se sguiram à erupção do Vesúvio, morreram 16 mil habitantes de Pompéia. Hoje, é possível reconstituir esta tragédia passo a passo, como se estivéssemos presentes.

Pompéia, uma cidade de 20 mil habitantes, produtora de vinho e azeite, vive hoje, 24 de agosto de 79 d.C., um dia de festa. Um grupo de teatro vindo de Roma deve se apresentar no Grande Teatro. Começando por volta das 11 horas da manhã, o espetáculo deve durar, como sempre, até a noite. São um pouco mais de dez horas.

Os padeiros, com suas cestas de doces nos braços, se dirigem às arquibancadas. Diante das thermopolia, bares ao ar livre da Antigüidade, os consumidores terminam de beber suas últimas taças de posca e as lojas começam a descer as persianas de madeira, sinal de fechamento. O dia está bonito e, como na véspera, se anuncia quente.

De repente, ouve-se uma explosão. Espanto! Num instante, todos estão na rua. Espetáculo alucinante, o topo do Vesúvio havia se partido em dois. Uma coluna de fogo escapa dali. É uma erupção! De início, todos se assustam e se interpelam. Havia pelo menos 900 anos que o vulcão não dava sinais de vida. Dizia-se que ele estava extinto. Logo depois é a agitação. Em volta começa a desabar uma chuva de projéteis: pedras-pomes, lapíli e, às vezes, pedaços de rochas - fragmentos arrancados do topo da montanha e da tampa de lava resfriada que obstruía a cratera.

Num instante, as praças e ruas se esvaziam. Aqueles que não moram no bairro correm para se refugiar sob uma abóbada, um pórtico, qualquer abrigo, enquanto outros se apressam em correr para se proteger em casa. O que fazer, pensam, a não ser esperar? O bombardeio terminaria mais cedo ou mais tarde. Durante 20 minutos, a erupção faz misérias, cobrindo a cidade com 2,60 metros de escórias. Em seguida, uma poeira arenosa toma o lugar das pedras-pomes e os lapíli diminuem. A esperança aumenta. Alguns audaciosos arriscam até a colocar o nariz para fora. Do Vesúvio sai somente uma coluna de fumaça. Mais um pouco de paciência e tudo deverá voltar ao normal.

DESTRUIÇÃO

Assim, duas horas se passam. O que fizeram os habitantes de Pompéia durante este período? Não se sabe muito. Em compensação, sabemos o que fez o Vesúvio. No interior da cratera, após a expulsão da tampa de lava, a pressão começou a cair vertiginosamente. O magma vulcânico, que dormia há séculos, começou lentamente a espumar e, às 13 horas, rasgando o ar, destruindo as casas, virando de ponta-cabeça as colunas dos pórticos, saiu bruscamente numa série de explosões. Do vulcão vê-se escapar uma nuvem monstruosa em forma de pinheiro - um cogumelo, como nós diríamos hoje. E, subitamente, fez-se noite em pleno dia. Uma noite marcada com alguns raios lívidos. As cinzas agora caem na forma de uma chuva tão densa que obscurece o sol.

Infelizmente, a chuva não é somente densa: ela está carregada de vapores clorídricos. É pela intoxicação por gás, e não por soterramento, que morrerão as pessoas em Pompéia. A primeira guerra química contra o homem foi feita pelo Vesúvio. Só agora, enfim, os habitantes de Pompéia decidem fugir. Mas eles haviam perdido duas horas preciosas. Abandonando seus abrigos, suas casas, tomando ou não o cuidado de levar consigo seus tesouros, milhares se dirigem às portas da cidade nesta noite negra.

Aqueles que moravam no noroeste se precipitaram naturalmente para a porta de Herculanum. Alguns carregavam diante de si uma lâmpada a óleo, como se uma chama pudesse resistir algum tempo àqueles ventos, àquela chuva viscosa de cinzas. A maioria colocou sobre a boca uma almofada ou uma telha encontrada pelo caminho. Mas será que alguém pode se defender contra um inimigo que se insinua em todas as partes através de uma fina poeira carregada de vapores clorídricos?
Nessa escuridão varrida por um vento de tempestade, fragilmente iluminada de vez em quando por projéteis de fogo, não há mais pobres ou ricos. Somente sombras que se debatem, desesperadas, umas contra as outras e que tropeçam nas escórias ou sobre o corpo de alguém agonizando após ter sido abatido pelo furor do Vesúvio. Em sua pressa de chegar mais rápido, alguns chegaram até a tirar as roupas e correm nus.

À porta! Chegar até ela antes que os destroços voando das casas nos derrubem, antes que a chuva de cinzas nos asfixie! E à porta, à porta miraculosa, a maioria chegará. Mas não será a porta do Paraíso, será a porta do Inferno!

O vento soprava do noroeste e vinha do Vesúvio. Sair pela porta de Herculanum significava ir em sua direção, ou seja, jogar-se numa tempestade que nenhuma construção ou abrigo poderia amenizar. Sufocados e cegos, aqueles que depois de tantos esforços tinham conseguido atravessá-la têm apenas um desejo: dar meia- volta e encontrar o que, no instante anterior, parecia o paroxismo do horror. Mas como lutar contra a multidão que sobe? Mulheres, crianças tentam e são imediatamente pisoteadas.

ABRIGO

E assim, por ironia, em meio ao pânico generalizado, é nos jazigos pelo caminho que os vivos vão buscar abrigo. Uma mulher que carregava uma criança corre para se abrigar num mausoléu, mas este desaba sobre ela. Um grupo de quatro pessoas, dentre as quais uma mulher ricamente enfeitada - apertando um bebê contra o seio -, se refugia com pressa sob o pórtico de uma tumba. Mas o pórtico também desaba e mata a todos. A Via dos Sepulcros nunca mereceu tanto o seu nome como neste dia! Os banqueteiros se reuniram num triclínio fúnebre. Estendidos sobre seus leitos de repouso, eles honram a morte. Celebrando o soterramento de um parente, é o deles próprios que terminarão por celebrar.

Mas voltemos à multidão desesperada que procurava chegar até as outras portas da cidade. No sudeste, a porta Marina estava particularmente lotada. Longe do Vesúvio e da direção do vento, ela levava ao mar aberto, à salvação. Primeiro passaram por ela todos os que passeavam ou trabalhavam no Fórum, ou ainda aqueles que tinham ido banhar-se nas termas. Em seguida, no momento do pânico geral, veio juntar-se a eles a multidão que tinha abandonado as casas e os casebres. Cheia de esperança, a massa de fugitivos despenca para além da porta, pela ladeira que conduz ao Sarno, e depois segue pelo caminho que acompanha o curso do rio.

Ontem, nesse mesmo caminho, quando ocorrera a procissão de Ísis, muitas e muitas vezes eles pararam ali para rir, cantar e descansar. Hoje correm o mais rápido que lhes permitem os montes de entulho. Vários tropeçam, sem dúvida, mas logo se levantam, pois a menos de um quilômetro encontrarão o mar, um barco e a fuga. Enfim, ofegantes, os primeiros fugitivos chegam ao porto. Ao porto? Ondas de vários metros de altura batem na areia. O mar está muito agitado. Navegar? Como e com o quê? Todos os barcos foram destruídos. Desse lado não há saída. Então novamente se produzem as cenas de confusão cujo teatro é a porta de Herculanum. Aqueles que queriam dar meia-volta deparam com a massa que tenta descer.

DESESPERO

Na noite escura, no meio de assovios do vento que, à beira do mar, recobrou toda a sua fúria, eles se esmagam uns contra os outros. Muitos morrerão pisoteados. Morte relativamente doce, no entanto, se pensarmos que, nessa mesma margem, todos os sobreviventes terminarão com os pulmões tomados de gases. Não havia porta de salvação para os habitantes de Pompéia. Chance de salvação só houve para aqueles que moravam no sul e no sudeste da cidade. E, ainda assim, somente se eles não tivessem demorado para fugir e, durante a fuga, tivessem passado pela porta de Nocera em vez da porta de Stábia. A porta de Stábia também tinha sido soterrada. Mas essa dupla condição foi poucas vezes encontrada. Desse lado, portanto, foram igualmente numerosas as cenas de desolação.

Na grande palestra (ginásio), a erupção surpreendeu os pedreiros em pleno trabalho. Durante alguns instantes eles permaneceram sob os pórticos. Em seguida, um deles teve uma idéia: a latrina. Ela poderia, com efeito, representar um abrigo seguro contra o bombardeio das escórias. Eles correram para lá e se trancaram. No início, demonstraram altruísmo. Quando outros que tiveram a mesma idéia vinham bater na porta, eles abriam. E assim, rapidamente eles se julgaram bastante numerosos e não abriram mais. Quantos, rejeitados desta forma, morreram esmagados pelas colunas do pórtico vizinho? Não se sabe com certeza. De qualquer modo, a julgar pelas ossadas, foram muitos. Mas foi possível reconstituir a agonia de três pessoas, pois, ao asfixiá-las, as cinzas moldaram seus corpos.

Os operários que tinham se trancado não foram salvos por seu egoísmo. Em sua latrina estavam abrigados do bombardeio de escória, mas não da chuva de cinzas. Quando esta se infiltrou, todos pereceram, até o último. Mas muitas outras ossadas foram encontradas no interior e nas proximidades da grande palestra - inclusive mais aqui do que em todos os outros lugares, mostrando que mesmo nesse bairro rico, assim como nas insulae pobres, a maioria não pôde se salvar a tempo. Quando a erupção começou, eles se fecharam, como os ricos, em suas casas. Depois a chuva de cinzas começou, então fugiram. Em família, em grupos patéticos de quatro, cinco ou seis pessoas: o pai, a mãe e os filhos.

Às vezes duas famílias - sem dúvida vizinhas de porta - se uniram, como se este fato tornasse a salvação mais segura. Quando tinham o cuidado de levar consigo seus tesouros, estes não representavam grande coisa: algumas jóias de pouco valor, pouco dinheiro, às vezes absolutamente nada. Pessoas simples, portanto, que, antes de sufocar, caíam ou se lançavam de boca no chão.

Mesmo a porta de Nocera não foi para todos a porta da salvação. Um jovem casal chegou até ela e conseguiu mesmo atravessá-la. Como os outros, os dois se trancaram em casa durante o primeiro bombardeio de pedras-pomes. Agora, para avançar, tinham de lutar contra essa tempestade de cinzas que cega, que se cola à pele e queima a garganta. Grande, vigoroso, com corpo de atleta, o homem caminha na frente, tentando abrir passagem para sua companheira em meio dos montes de lixo. De repente, a mulher cai com o rosto no chão e não consegue mais se levantar. O homem quer ajudá-la, mas também cai. Num último esforço, suas mãos tentam unir-se, mas a chuva de cinzas lhes nega este último favor.

Mas de todas estas histórias da porta de Nocera o mais patético é, sem dúvida, o que segue. Trata-se de 13 pessoas que formavam três famílias - duas famílias de fazendeiros e a família de um comerciante. Eram vizinhos que moravam perto e, provavelmente, se entendiam muito bem. Quando o bombardeio começou, eles conversaram e decidiram se refugiar na casa mais sólida. Depois, quando a chuva de cinzas começou decidiram fugir. Todo o campo já estava coberto de uma mortalha de detritos. Cegos, sufocando, eles pegaram o caminho que passava diante de suas casas. Em primeiro lugar vinha um escravo levando nos ombros um saco de provisões. Atrás dele, dois meninos de 4 a 5 anos caminhavam de mãos dadas para dar coragem um ao outro; tinham colocado sobre eles um pedaço de tela e eles procuravam colocá-la sobre a boca. Em seguida vinham seus pais, o pai ajudando a mãe, sem dúvida uma inválida, a continuar a caminhar. A segunda família era composta de um jovem casal e de uma menina. Cada um protegia a boca com um pedaço de tecido. Enfim vinha a família do comerciante: duas crianças com 10 anos que também estavam de mãos dadas, uma menina mais nova que a mãe conduzia e depois o pai.

E estas 13 pessoas, nessa tempestade de cinzas, nessa noite escura, no meio da escória, continuavam seu caminho. Como poderiam pensar em escapar com crianças tão pequenas? Eles continuavam porque o homem não se resigna facilmente à idéia de morrer imóvel.

RESQUÍCIOS

Vinte séculos mais tarde, nós os encontramos, modelados pelas cinzas, na mesma posição, com as expressões de seus últimos momentos, uns curvados sobre si mesmos, outros estendidos, seja de costas, seja com o rosto contra a terra. Os meninos de 4 a 5 anos tinham as feições calmas; as crianças com 10 anos, os membros entrelaçados, ainda segurando as mãos uma da outra. Quanto ao mercador, caído sobre os joelhos, o braço direito apoiado na terra, as costas estendidas, tentava ainda se levantar quando a morte tomou conta dele.
Tais foram, portanto, as tristes histórias que as diversas portas contaram aos escavadores quando estes as descobriram.

Mas as casas tiveram igualmente inúmeros dramas para contar, pois muitos dos habitantes de Pompéia não se resignaram a abandonar seus bens. Quantos esqueletos intactos ou mutilados foram encontrados nas casas! No subsolo, no térreo, no primeiro andar e mesmo sobre os telhados, já que alguns não hesitaram em subir para a parte mais alta de suas casas, na tentativa de escapar à invasão crescente dos resíduos.

Na propriedade chamada de Diomedes, no Caminho das Sepulturas, o pai fez sua família descer ao porão: uma galeria cuja iluminação provinha de aberturas em sua abóbada e onde ele conservava suas ânforas de vinho com as pontas enterradas no chão. Na pressa, sua mulher passou em volta do pescoço um pesado colar de ouro e nos braços, pulseiras. Sua filha também colocou suas jóias mais preciosas; ele mesmo colocou numa sacola todo seu dinheiro líquido: dez moedas de ouro e 88 moedas de prata com a efígie de Nero, Vitélio e Vespasiano.

E, com boas provisões de pão, frutas e outros alimentos diversos, eles esperam. As horas passam. Eles estão seguros, ou pelo menos acreditam estar. Mas o ar começa a piorar cada vez mais. O pai decide investigar. Com uma chave na mão, seguido por um escravo, ele sai. Uma vez do lado de fora, a chuva de cinzas o sufoca imediatamente. Ele morre. Mas os reclusos da galeria não serão protegidos tampouco.

Impalpável, a cinza não pára de penetrar pelas aberturas, cinza carregada de vapores clorídricos. A moça tenta em vão proteger a cabeça com sua túnica, e os companheiros tentam, também em vão, cobrir o nariz e a boca com tecidos. Séculos mais tarde, os 18 esqueletos serão descobertos, incluindo o de uma criança.

Uma descoberta mais surpreendente ainda aconteceu um pouco mais longe, na propriedade chamada de Mistérios. Na entrada da galeria subterrânea onde se refugiaram os operários que trabalhavam em sua reforma os escavadores foram obrigados a recuar imediatamente. Após tantos séculos, os vapores deletérios ainda estavam ali. Tão presentes que só foi possível enfrentá-los com máscaras contra gás.

Durante todo o dia 24 e todo o dia 25, e ainda no dia 26, a chuva de cinzas não parou. Quando, enfim, na aurora do dia 27, o sol reapareceu, o Vesúvio tinha mudado de forma. Ele possuía agora um topo duplo e, no lugar da antiga cratera, um cone havia se formado. Quanto aos habitantes de Pompéia, 80% deles - 16 mil numa população de 20 mil - jaziam a vários metros de profundidade. A cidade estava morta, mas uma morte que a tornaria imortal.

-Tradução de Mariana Teixeira

René Guerdan é historiador.

Revista Historia Viva



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

François Boucher

François Boucher nasceu em Paris a 29 de Setembro de 1703 e morreu em Paris a 30 de Maio de 1770.
Boucheur foi o expoente máximo do rococó, um estilo decorativo faustoso e exuberante que surgiu em França como desdobramento do barroco
Filho de um desenhador de modelos para dordados, Boucher, já um desenhador excelente, fez o seu treino com Lemoyne, o artista dos tectos de Versalhes; com Lemoyne aprendeu uma técnica versátil, que aplicou em todas as artes decorativas que cultivou, desde a tapeçaria até à aos desenhos para porcelana.
Depois de passar três anos em Roma, Boucher tentou demonstrar a sua seriedade com algumas pinturas históricas. Mas estas não estavam na linha nem do gosto nem da moda da época, pelo que foi à procura de encomendas mais lucrativas e ganhou fama com os seus temas mitológicos, sensuais e despreocupados: deusas e cupidos brincando alegremente no meio das nuvens reflectiam a sensualidade da aristocracia francesa.
Ergueram-se objecções académicas, tanto aos temas de Boucher como ao seu uso da cor, mas dirigiam-se tanto contra a poderosa protecção da arrivista marquesa de Pompadour como contra o póprio Boucher.
Boucher trabalhava arduamente; por vezes passava doze horas por diaa diante do cavalete e geria um estúdio movimentado onde Fragonard era um dos seus alunos. Boucher tinha uma mulher bela e de gostos caros que tinha de manter satisfeita, mas declarou que nunca desejaria trocar a sua carreira por nenhuma outra.
A inspiração para o seu trabalho provinha de Antoine Watteau e de Peter Paul Rubens. Às obras de Watteau foi buscar a tranquilidade da natureza e às de Rubens os volumes, as cores, o estilo solene e perspicaz. No retrato da Madame de Pompadour as duas influências são bastante claras.

A Marquesa de Pompadour era sinónimo de exuberância, exagero, teatralidade, elegância, riqueza, ostentação e requinte e através de Boucher, Madame Pompadour encontrou a maneira de se retratar como embaixadora das artes de França. Boucher não era muita entusiasta de pintar retratos e em cartas madame Pompadour confidenciou que não eram reproduções exactas, mas que não se importava desde que projectassem a imagem certa. Aqui é uma mulher de dotes literários. A perfeita representação do vestido recorda-nos que, tendo o seu pai sido desenhador de modelos de bordados, é provável que Boucher conhecesse e lidasse com tecidos finos desde tenra idade.

1703 – Nasce em Paris, filho de um desenhador de modelos para bordados.
1720 – Aprendiz de gravador com Cars, vai para os estúdios de Lemoyne.
1723 – Ganha o Prix de Rome
1728 – Vai para Roma estudar até 1731.
1731 – É aceite na Académie Royale como pintor histórico.
1733 – Casa com Marie-Jeanne Buseau da qual terá três filhos.
1734 – Torna-se membro da Académie e mais tarde será professor e reitor.
1750 – Conquista a protecção de Madame de Pompadour.
1755 – Torna-se director da Real Manufactura dos Gobelins.
1765 – Nomeado primeiro-pintor de Luís XV.
1770 – Morre em Paris.

Além de pintar, Boucher concretizou figurinos para teatros, tapetes e ficou célebre como decorador. Ajudou na decoração dos palácios de Versailles, Fontainebleau e Choisy

Odalisca
O banho de Diana

As Odaliscas sensuais produzidas por Boucher para Luís XV e vários outros clientes particulares estavam muito longe daquilo que a Académie aprovava.

Fonte: 100 Grandes Artistas de Charlotte Gerlings (Círculo de Leitores)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cronologia dos Presidentes do Brasil



 O primeiro Presidente do Brasil foi o Marechal Deodoro da Fonseca, que foi nomeado chefe do Governo Provisório em 15/11/1889, em 25/02/1891 ele é eleito Presidente pelo colégio eleitoral formado por senadores e deputados federais, foi sucedido pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto que assume o cargo em 23/11/1891, Floriano ficou conhecido como o Marechal de ferro e o Consolidador da República, em 15/11/1894 quem assume a Presidência é Prudente de Morais, e foi o primeiro a assumir o cargo por força da eleição direta.
  
O 4° Presidente é Campos Salles, que assume o cargo em 15/11/1898, ele recebeu o apelido de Campos Selos, por causa do imposto dos selos.

 O 5° presidente foi Rodrigues Alves que tomou posse em 15/11/1902 e foi sucedido por Affonso Pena em 15/11/1906.
  
O 7° presidente é Nilo Peçanha, que toma posse em 14/06/1909, seguido de Hermes da Fonseca que assume o cargo em 15/11/1910.
 Em 15/11/1914, Wenceslau Braz assume, governando até 1918, com um pequeno afastamento de um mês em 1917, quando seu vice Urbano Santos da Costa Araujo assume o cargo. Em 15/11/1918 Delfim Moreira é eleito o 10° presidente do Brasil, morreu logo após deixar a presidência, quando ocupava o cargo de vice-presidente do seu sucessor Epitácio Pessoa que assumiu o cargo em 28/07/1919.
  
Em 15/11/1922 quem assume o cargo é Arthur Bernardes, o 12° presidente seguido por Washington Luís que assume a presidência em 15/11/1926 e governa até 24/10/1930, quando Julio Prestes é eleito mais não assume o mandato e o país é governado por uma Junta Governativa formada por Menna Barreto, Isaías de Noronha e Augusto Fragoso.

 Em 03/11/1930, Getúlio Vargas assume a presidência e governa até 29/10/1945, seu governo foi dividido em três períodos, de 1930 até 1934,  como Chefe do Governo Provisório, de 1934 a 1937 como Presidente da Republica do Governo Constitucional e de 1937 até 1945 enquanto durou o Estado Novo implantado após um golpe de estado.
 Em 29/10/1946 José Linhares assume a presidência por três meses e é sucedido por Eurico Gaspar Dutra que assume o cargo em 31/01/1946.

 Em 31/01/1951 Getúlio Vargas assume novamente a Presidência e governa até 24/08/1954 quando se suicida.

 Em 24/08/1954, Café Filho que era vice de Getúlio assume a presidência até ser sucedido por Carlos Luz, que assume o cargo em 08/11/1955 e governa até 11/11/1955, se tornando o presidente que ocupou a cadeira presidencial por menos tempo, apenas quatro dias.

 Em 11/11/1955 Nereu Ramos assume o cargo e é sucedido por Juscelino Kubitschek que assume a presidência em 31/01/1956, durante seu governo o Brasil viveu um período de notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política, a construção de Brasília, sem dúvida foi um dos fatos mais marcantes da história brasileira e da política de Juscelino no seu mandado de cinco anos.

 Em 31/01/1964, Jânio Quadros assume a presidência e renuncia em 25/08/1961, alegando que “forças ocultas” o obrigavam a esse ato, após isso quem assume a presidência é Paschoal Ranieri Mazzilli, pois o vice de Jânio, João Goulart estava em visita oficial a Republica Popular da China, Mazzilli governa o país por 14 dias até que em 08/09/1961 João Goulart assume o cargo até 31/03/1964, quando Mazzili volta ao cargo por mais 13 dias.

 Em 15/04/1964, Castello Branco assume o cargo de Presidente, sendo o primeiro Presidente do regime militar instaurado pelo golpe militar de 1964, foi sucedido em 15/03/1967 por Costa e Silva, que deu início a fase mais brutal e dura da ditadura militar, Costa e Silva foi sucedido em 31/08/1969 pela Junta Militar formada por Aurélio Lira Tavares, Augusto Rademaker e Márcio Mello.

 Em 30/10/1969, Emílio Garrastazu Médici assume a presidência, Médici exigiu que para sua posse o Congresso Nacional fosse reaberto e isso foi feito em 25/10/1969, foi sucedido em 15/03/1974 por Ernesto Geisel, seu governo foi marcado pelo início de uma abertura política e a amenização do rigor do regime militar.
 Em 15/03/1979, João Baptista Figueiredo toma posse no cargo da presidência, em 1983 tem início à campanha Direta Já, que foi rejeitada no Congresso Nacional, entretanto o governo Figueiredo promoveu a primeira eleição civil brasileira desde 1964, que decretava o fim do regime militar.

 Em 15/01/1985, Tancredo de Almeida Neves é eleito Presidente, mas adoece gravemente em 14 de março do mesmo ano, véspera de sua posse e morre 39 dias depois.

 Em 15/03/1985, José Sarney assume a presidência, foi no governo dele que houve a Eleição presidencial brasileira de 1989, primeira eleição presidencial direta desde a eleição de Jânio Quadros em 1960.

 Em 15/03/1990, Fernando Collor de Melo assume a presidência, seu mandato foi impugnado e ele renunciou ao cargo em 

02/10/1992 quando Itamar Franco assume o cargo, durante seu mandato foi idealizado o Plano Real.

 Em 01/01/1995, Fernando Henrique Cardoso assume o cargo a presidência, foi sucedido pelo nosso atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva. Que tomou posse em 01/01/2003 e será sucedido pela primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que será a 36° Presidente a assumir o cargo na história do país.

Texto e Pesquisa de autoria de Jonas Rogério Sanches 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A crise no Império e a Proclamação da Republica no Brasil

Não houve um só tiro que pudesse revelar que se tratava de um golpe e não de um desfile. Se disparos ecoassem (de fato, houve dois, mas ninguém os escutou), talvez aqueles 600 soldados percebessem que não estavam ali para participar de uma manobra, mas para derrubar um regime.
Na verdade, vários militares, ali presentes, sabiam que estavam participando de uma quartelada. Mesmo os que pensavam assim achavam que quem estava caindo era o primeiro-ministro de Ouro Preto. Jamais o Imperador D. Pedro II - muito menos a monarquia que ele representava.
Não é de se estranhar a ignorância dos soldados do 1° e do 3° Regimento de Cavalaria e do 9° Batalhão. Afinal, até poucas horas antes, o próprio líder do golpe estava indeciso. Mais: estava doente, de cama, e só chegou ao Campo de Santana quando os canhões já apontavam para o quartel. Talvez ele não tenha dado o "Viva o Imperador!" que alguns juraram ouvi-lo gritar. Mas com certeza, impediu que pelo menos um cadete berrasse o "Viva a República!", que supostamente estava entalado em muitas gargantas.
A cena foi bem estranha. Montado em seu belo cavalo, o Marechal Deodoro da Fonseca desfilou longa lista de queixas, pessoais e corporativas, contra o governo - o governo do Ministro Ouro Preto, não o do Imperador. O Imperador - isso ele fez questão de deixar claro - era seu amigo: - Devo-lhe favores. Mas o Exército fora maltratado.
Por isso, derrubava-se o Ministério. Difícil imaginar que Deodoro estivesse dando um golpe, anda mais golpe republicano - ele era monarquista. Ao seu lado estava o tenente-coronel Benjamin Constant, militar que odiava andar fardado, não gostava de armas e tiros e, até cinco anos antes, também falava mal da República.
Ambos, Deodoro e Constant, contavam agora com o apoio de republicanos civis. Mas não havia sinal de "paisanos" por perto - esses apenas tinham incentivado a aventura golpista dos dois militares (por coincidência ou não, dois militares ressentidos). O fato é que naquela mesma hora, o Ministro Ouro Preto foi preso e o gabinete derrubado. Mas ninguém teve coragem de falar em República.
Só à noite, quando golpistas civis e militares se reuniram, foi que proclamaram - em silêncio e provisoriamente - uma República Federativa. "Provisoriamente", porque se aguardaria o pronunciamento definitivo da Nação, livremente expressado pelo sufrágio popular.
E o povo a todas essas?
Bem, o povo assistiu a tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava, disse Aristides Lobo. Embora Lobo fosse republicano convicto e membro do primeiro Ministério, seu depoimento tem sido contestado por certos historiadores (que citam as revoltas populares ocorridas na época).
De qualquer forma, o segundo reinado, que começara com um golpe branco, terminava agora com um golpe esmaecido. A monarquia, no Brasil, não caiu com um estrondo, mas com um suspiro. E o plebiscito para referendar a República foi convocado em 1993 - com 104 anos de atraso. O Império já havia terminado.
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL
A proclamação da República foi marcada por dois documentos que possuem tons diferentes: A Proclamação ao Povo Brasileiro, que instaura o novo regime, busca tranqüilizar a população, manter a legitimidade dos funcionários do Estado até novas mudanças, e garantir o cumprimento dos compromissos financeiros com outros países e o Decreto Nº 1, que mostra sua face impositiva, "decretando" a validade do regime em todas as províncias e afirmando a intenção do Governo Provisório em intervir em caso de oposição.
A leitura de ambos oferece um rico exercício comparativo.
PROCLAMAÇÃO DOS MEMBROS DO GOVERNO PROVISÓRIO
Concidadãos!
O Povo, o Exército e a Armada Nacional, em perfeita comunhão de sentimentos com os nossos concidadãos residentes nas províncias, acabam de decretar a deposição da dinastia imperial e conseqüentemente a extinção do sistema monárquico representativo.
Como resultado imediato desta revolução nacional, de caráter essencialmente patriótico, acaba de ser instituído um Governo Provisório, cuja principal missão é garantir com a ordem pública a liberdade e o direito do cidadão.
Para comporem este Governo, enquanto a Nação Soberana, pelos seus órgãos competentes, não proceder à escolha do Governo definitivo, foram nomeados pelo Chefe do Poder Executivo os cidadãos abaixo assinados.
Concidadãos!
O Governo Provisório, simples agente temporário da soberania nacional, é o Governo da paz, da fraternidade e da ordem.
No uso das atribuições e faculdades extraordinárias de que se acha investido, para a defesa da integridade da Pátria e da ordem publica, o Governo Provisório, por todos os meios ao seu alcance, promete e garante a todos os habitantes do Brasil, nacionais e estrangeiros, a segurança da vida e da propriedade, o respeito aos direitos individuais e políticos, salvas, quanto a estes, as limitações exigidas pelo bem da Pátria e pela legítima defesa do Governo proclamado pelo Povo, pelo Exército e pela Armada Nacional.
Concidadãos!
As funções da justiça ordinária, bem como as funções da administração civil e militar, continuarão a ser exercidas pelos órgãos até aqui existentes, com relação às pessoas, respeitadas as vantagens e os direitos adquiridos por cada funcionário.
Fica, porém, abolida, desde já, a vitaliciedade do Senado e bem assim o Conselho do Estado.
Fica dissolvida a Câmara dos Deputados.
Concidadãos!
O Governo Provisório reconhece e acata os compromissos nacionais contraídos durante o regime anterior, os tratados subsistentes com as potências estrangeiras, a dívida pública externa e interna, contratos vigentes e mais obrigações legalmente estatuídas.
Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório.
Aristides da Silveira Lobo, Ministro do Interior.
Tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Ministro da Guerra
Chefe de Esquadra, Eduardo Wandenkolk, Ministro da Marinha.
Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores e interinamente da Agricultura, Comércio e Obras
DECRETO Nº 1
O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil decreta:
Art. 1o - Fica proclamada provisoriamente e decretada como a forma de governo da nação brasileira a República Federativa.
Art. 2o - As províncias do Brasil, reunidas pelo laço da federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil.
Art. 3o - Cada um desses Estados, no exercício de sua legítima soberania, decretará oportunamente a sua Constituição definitiva, elegendo os seus corpos deliberantes e os seus governos locais.
Art. 4o - Enquanto, pelos meios regulares, não se proceder à eleição do Congresso Constituinte do Brasil e bem assim à reeleição das legislaturas de cada um dos Estados, será regida a nação brasileira pelo Governo Provisório da República; e os novos Estados pelos Governos que hajam proclamado ou, na falta destes, por governadores delegados do Governo Provisório.
Art. 5o - Os governos dos Estados federados adotarão com urgência todas as providências necessárias para a manutenção da ordem e da segurança pública, defesa e garantia da liberdade e dos direitos dos cidadãos, quer nacionais, quer estrangeiros.
Art. 6o - Em qualquer dos Estados, onde a ordem pública for perturbada e onde faltem ao governo local meios eficazes para reprimir as desordens e assegurar a paz e tranqüilidade públicas, efetuará o Governo Provisório a intervenção necessária para, com o apoio da força pública, assegurar o livre exercício dos direitos dos cidadãos e a livre ação das autoridades constituídas.
Art. 7o - Sendo a República Federativa Brasileira a forma de governo proclamada, o Governo Provisório não reconhece nem reconhecerá nenhum governo local contrário à forma republicana, aguardando, como lhe cumpre, o pronunciamento definitivo do voto da nação livremente expressado pelo sufrágio popular.
Art. 8o - A força pública regular, representada pelas três armas do Exército e pela Armada nacional onde existam guarnições ou contingentes nas diversas províncias, continuará subordinada exclusivamente dependente do Governo Provisório da República, podendo os governos locais, pelos meios ao seu alcance, decretar a organização de uma guarda cívica destinada ao policiamento do território de cada um dos novos Estados.
Art. 9o - Ficam igualmente subordinadas ao Governo Provisório da República todas as repartições civis e militares até aqui subordinadas ao governo central da nação brasileira.
Art. 10 - O território do Município Neutro fica provisoriamente a administração imediata do Governo Provisório da República e a cidade do Rio de Janeiro constituída, também, provisoriamente, sede do poder federal.
Art. 11- Ficam encarregados da execução deste decreto, na parte que a cada um pertença, os secretários de Estado das diversas repartições ou ministérios do atual Governo provisório.
Sala das sessões do Governo Provisório, 15 de novembro de 1889, 1o da República.
(Ass.) Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório; S. Lobo; Rui Barbosa; Q. Bocaiúva; Benjamin Constant; Wandenkolk Corrêa
(Pesquisa em vários sites)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

EUCLIDES DA CUNHA

 
 
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, “Os Sertões”, que retrata a Guerra dos Canudos.

Cronologia:

1866 – Nasce no dia 20 de janeiro, na Fazenda Saudade, em Cantagalo, região serrana no Vale do Rio Paraíba do Sul, na província do Rio de Janeiro, onde vive até os três anos, quando falece sua mãe. O autor e sua irmã, Adélia, passam a viver, em 1869, com seus tios maternos, Rosinda e Urbano, em Teresópolis (RJ).

1871 - Com a morte da tia, Rosinda, vão morar com os tios maternos, Laura e Cândido, em São Fidélis (RJ).

1874 – Inicia os estudos no Instituto Colegial Fidelense.

1875 - Seu pai, Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha, tem o poema “À morte de Castro Alves” publicado na segunda edição de “Espumas flutuantes”, do poeta baiano, prematuramente falecido.

1877 – Estuda no Colégio Bahia, em Salvador (BA), durante um breve período em que morohttp://www.blogger.com/img/blank.gifu naquela cidade, na casa de sua avó paterna.

1879 - Muda-se para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), e estuda no Colégio Anglo-Americano.

1883 - Estuda no Colégio Aquino, e escreve seus primeiros poemas em um caderno, ao qual dá o título de “Ondas”.

1884 – Publica em “O Democrata”, jornal dos alunos do Colégio Aquino, seu primeiro artigo.

1885 - Ingressa na Escola Politécnica para cursar Engenharia. Freqüenta somente por um ano, pois é obrigado a desistir por motivos financeiros.

1886 – Matricula-se na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, no curso de Estado-maior e Engenharia Militar da Escola Militar, medida adotada porque a Escola pagava soldo e fornecia alojamento e comida. Tinha, entre seus colegas, Cândido Rondon, Lauro Müller, Alberto Rangel e Tasso Fragoso.

1887 – Passa, por três vezes, pela enfermaria da escola. Pede licença de dois meses para tratar da saúde.

1888 – Sua matrícula na Escola Militar da Praia Vermelha é trancada, face ao ato de protesto durante uma visita do Ministro da Guerra, conselheiro Tomas Coelho, do último gabinete conservador da monarquia. É desligado do Exército sob o pretexto de incapacidade física. Convidado, passa a escrever no jornal “A Província de São Paulo”, hoje “O Estado de São Paulo”, jornal engajado na campanha republicana. O artigo “A pátria e a dinastia, publicado no dia 20/12/1888, marca sua estréia.

1889 - Retorna à Escola Militar da Praia Vermelha, graças ao apoio de seu futuro sogro , o major Sólon Ribeiro e de seus colegas da Escola, que pedem sua reintegração.

1890 – Casa-se com Ana Emília Ribeiro.

1891 - Tira um mês de licença para tratamento de saúde. Viaja com a esposa para a Fazenda Trindade, de seu pai, localizada em Nossa Senhora do Belém do Descalvado , no interior de São Paulo. Morre sua filha Eudóxia, recém-nascida.

1892 - Conclui o curso na Escola Superior de Guerra e é promovido a tenente, seu último posto na carreira. Cumpre estágio na Estrada de Ferro Central do Brasil — trecho paulista da ferrovia, entre a capital e a cidade de Caçapava, por designação do marechal Floriano Peixoto. É nomeado auxiliar de ensino teórico na Escola Militar do Rio. Nasce seu filho Solon Ribeiro da Cunha.

1893 - Escreve artigo com críticas ao governo do Marechal Floriano, cuja publicação foi negada pelo jornal “O Estado de São Paulo”. Acometido de forte pneumonia, interrompe sua colaboração para o jornal. Volta a trabalhar como engenheiro praticante na Estrada de Ferro Central do Brasil. Com a Revolta da Armada, que teve início em 06/09, seu sogro é preso. Sua mulher, Ana, refugia-se, com o filho Solon, na fazenda do sogro, em Descalvado (SP). O escritor é designado para servir na Diretoria de Obras Militares.

1894 - É punido com transferência para a cidade de Campanha (MG), por ter protestado, em cartas na Gazeta de Notícias, do Rio, contra a execução sumária dos prisioneiros políticos, pedida pelo senador florianista João Cordeiro, do Ceará. Nasce seu filho Euclides Ribeiro da Cunha Filho, o Quidinho.

1895 – Obtém licença do Exército, por ser considerado incapaz para o serviço militar devido à tuberculose. Vai para a fazenda do pai e se dedica às atividades agrícolas. Cansado, poucos meses após tornar-se lavrador, vai trabalhar como engenheiro-ajudante na Superintendência de Obras Públicas em São Paulo.

1896 – Mesmo desaconselhado pelo sogro, o autor desliga-se do Exército, sendo reformado no posto de tenente.

1897 – Volta a colaborar no jornal O Estado de São Paulo. Cobre a 4ª Expedição contra Canudos, como correspondente daquele jornal. Em seus artigos, afirma sua certeza na vitória do Governo sobre os conselheristas. O Presidente Prudente de Morais o nomeia adido do Estado-Maior do Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado de Bittencourt.
Torna-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Acompanha, de perto, toda a movimentação de tropas e faz pesquisas sobre Canudos e o Conselheiro. Em Monte Santo, em companhia do jornalista Alfredo Silva, faz incursão nos arredores da cidade, observa as plantas e minerais da região.
Nas cercanias de Canudos, no dia 19/09, escreve sua primeira reportagem da frente de batalha. Antonio Conselheiro morre de disenteria em 22/09. O autor passeia pela cidade, anotando em sua caderneta de bolso, expressões populares e regionais, mudanças climáticas, desenhos da cidade e das serras da região e copia diários dos combatentes. Transcreve poemas populares e profecias apocalípticas, depois citados em “Os Sertões”. Com acessos de febre, retira-se do local, confessando, em seu último artigo para o jornal, o profundo desapontamento provocado pela visão das centenas de feridos que gemiam amontoados no chão.
Retorna a Salvador (BA), em 13/10, e escreve, no dia seguinte, no álbum da médica Francisca Praguer Fróes, o poema “Página vazia”, aqui publicado. Volta ao Rio de Janeiro e, de lá, a São Paulo (SP). Após quatro meses de licença para cuidar de sua doença, viaja para Descalvado onde, começa a escrever “Os sertões”.

1898 – Reassume seu cargo na Superintendência de Obras Públicas de São Paulo. Publica, em “O Estado”, o “Excerto de um livro inédito”, trechos de “Os sertões”, em que defende a tese de que o sertanejo é um forte, cuja energia contrasta com a debilidade dos “mestiços” do litoral.
A ponte recém-inaugurada, construída em São José do Rio Pardo (SP), em parte sob a fiscalização do escritor, desaba, levando o biografado àquela cidade para acompanhar o desmonte. A demora nos trabalhos faz com que o escritor mude-se para aquela cidade, onde fica até 1901.
Profere palestra no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sobre a “Climatologia dos sertões da Bahia”, e propõe a construção de açudes para resolver o problema das secas no Nordeste. Grande parte de “Os sertões” é escrita em São José, com a colaboração do prefeito da cidade, Francisco Escobar, que se tornara amigo do escritor.

1900 – Falece, em Belém, o General Solon Ribeiro, sogro do biografado. Finaliza, em maio, a primeira versão de “Os sertões”.

1901 – É nomeado chefe do 5º Distrito de Obras Públicas, com sede em São Carlos do Pinhal (SP), onde conclui “Os sertões”. Nasce seu filho, Manuel Afonso Ribeiro da Cunha. Assina contrato com a editora Laemmert, do Rio, a publicação de 1.200 exemplares de “Os sertões”, assumindo o compromisso de pagar a metade dos custos de edição, um conto e quinhentos mil réis, quase o dobro de seu salário de engenheiro.

1902 – Após um trabalho insano de revisão, “Os sertões (Campanha de Canudos)” chega às livrarias em dezembro, sendo recebido com aplausos e restrições pela crítica.

1903 – A primeira edição do livro se esgota em pouco mais de dois meses. Começa a tomar notas para a “História da revolta”, livro sobre a rebelião da Marinha, que combateu no Rio, como oficial do Exército, de 1893 a 1894.
Elege-se para a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Castro Alves, e como sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Face à possibilidade de participar de expedição ao Purus, suspende a redação do livro. Vende os direitos das segunda tiragem de “Os sertões” para o editor Massow. Demite-se da Superintendência de Obras Públicas.

1904 – Participa, através de artigos publicados em jornais, do debate sobre os conflitos de fronteira. Condena o envio de tropas brasileiras para o Alto Purus e defende uma solução diplomática que permita incorporar o território do Acre. Propõe uma “guerra dos cem anos” contra as secas do Nordeste, que inclua a exploração científica da região, a construção de açudes, poços e estradas de ferro e o desvio das águas do rio São Francisco para as regiões afetadas pela estiagem.

Após trabalhar alguns meses na Comissão de Saneamento de Santos, desentende-se com a diretoria e pede demissão. Sem emprego, volta a escrever no jornal “O Estado de São Paulo” e, também, em “O País”, do Rio.
Dificuldades financeiras fazem-no transferir, por uma bagatela, os direitos de “Os sertões” para a editora Laemmert.

É nomeado, pelo barão do Rio Branco, chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, na fronteira do Brasil com o Peru. Parte rumo a Manaus (AM) no dia 13/12.

1905 - Realiza viagem heróica pelo Rio Purus, na Amazônia, chefiando missão oficial do Ministério das Relações Exteriores. Percorre cerca de 6.400 quilômetros de navegação, alguns trechos inclusive a pé. A comissão chega à foz do rio Purus em 09/04. De volta, redige, com o comissário peruano, o relatório da expedição. Embarca para o Rio no dia 18/12. Durante sua ausência, a editora Laemmert publica a terceira edição de “Os sertões”.

1906 – Com a saúde debilitada pela malária, ao chegar encontra Ana, sua esposa, grávida do cadete Dilermando de Assis. Trabalha como adido do Barão do Rio Branco. Envolve-se no preparo de documentação necessária à construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
A Imprensa Nacional publica “Notas complementares do comissário brasileiro” sobre a história e a geografia do Purus, incluído no “Relatório da comissão mista Brasileiro-Peruana de reconhecimento do Alto Purus”.
Recusa indicação para fiscalizar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Ana dá à luz Mauro, que falece de debilidade congênita uma semana após seu nascimento. Tempos depois, afirmará ter tomado remédios abortivos tentando interromper a gravidez e que fora também impedida pelo marido de amamentar a criança, filha de Dilermando.
O “Jornal do Commércio” publica “Peru versus Bolívia”. Começa a escrever “Um paraíso perdido”, livro sobre a Amazônia, que não é terminado face à morte do autor. Os originais se perderam. Toma posse, finalmente, na Academia Brasileira de Letras.

1907 – Publica “Contrastes e confrontos”, pela editora Livraria Chardron, do Porto (Portugal). Nasce Luís Ribeiro da Cunha, registrado como seu filho, mas que irá adotar, já adulto, o sobrenome Assis, de seu pai biológico Dilermando. Profere, com grande sucesso, no Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, a conferência “Castro Alves e seu tempo”.

1908 – Escreve o prefácio do livro “Poemas e canções”, de Vicente de Carvalho. Em “Antes dos versos”, expõe sua concepção da poesia moderna. Publica no “Jornal do Commércio”, a crônica “A última visita”, sobre a inesperada homenagem de um anônimo estudante a Machado de Assis em seu leito de morte.
O biografado ocupa, por breve período, com o falecimento de Machado, a presidência da Academia Brasileira de Letras. Passa o cargo para Rui Barbosa. Inscreve-se no concurso para a cadeira de lógica no Ginásio Nacional (Colégio Pedro II), no Rio.

1909 - Obtém a segunda colocação no concurso. Graças à interferência junto ao presidente da República, Nilo Peçanha, do barão do Rio Branco e do escritor e deputado Coelho Neto, é nomeado para a vaga. Entrega aos editores, Lello & Irmão, as provas de “À margem da História”.

Morre no dia 15 de agosto de 1909, depois de uma troca de tiros com o aspirante Dinorá e seu irmão, o cadete Dilermando de Assis. Em 1916, o segundo-tenente Dilermando de Assis, que havia sido absolvido da morte do biografado (legítima defesa), mata em um cartório de órfãos no centro do Rio, o aspirante naval Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, que tentou vingar a morte do pai. Dilermando é novamente absolvido, pelo mesmo veredicto.

Bibliografia:

1902 - Os Sertões

1907 - Contrastes e Confrontos

1907 - Peru versos Bolívia

1909 - À margem da história (póstumo)

1939 - Canudos (diário de uma expedição) (póstumo) — Reeditado em 1967, sob o título Canudos e inéditos.

1960 – O rio Purus (póstumo)

1966 – Obra completa (póstumo)

1975 – Caderneta de campo (póstumo)

1976 – Um paraíso perdido (póstumo)

1992 – Canudos e outros temas (póstumo)

1997 – Correspondência de Euclides da Cunha (póstumo)

2000 – Diário de uma expedição (póstumo)


“Os sertões” foi publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco.

Reedições mais importantes:

- Quinta edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1914.

- Décima segunda. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1933

- Vigésima sétima. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1963

- Edição crítica. São Paulo: Brasiliense, 1985; Ática, 1998.

- Edição comentada. São Paulo: Ateliê/Imprensa Oficial do Estado/Arquivo do Estado, 2002.

Dados obtidos na Academia Brasileira de Letras; Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles; livros; artigos jornalísticos e sites da internet. Fonte: http://www.releituras.com/biografias.asp

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O COLAR DE MARIA ANTONIETA

O assunto do colar foi uma fraude que teve por vítima, em 1785, ao cardeal de Rohan, bispo de Estrasburgo, e no que se viu implicada a rainha María Antonieta. A relevancia pública do assunto, que resultou em um grande escândalo político e social, contribuiu a afundar a imagem pública da rainha María Antonieta, que se ganhou definitivamente a inimizade da velha nobreza francesa e perdeu o apoio do povo da França. As consequências disto espolearon o descontentamento popular contra o governo de Luis XVI, muito influenciado pela camarilla da rainha. O torpe manejo que a monarquia francesa fez do assunto levaram a que começasse a ser abertamente desprestigiada pela própria nobreza, socavando de maneira fundamental a imagem pública da monarquia em uns momentos de crise económica e social; igualmente, pôs de manifesto ante o povo a corrupção do corte e a precariedad das finanças públicas, até o ponto de que o Assunto do Colar costuma se considerar como um claro antecedente à Revolução Francesa.
Por sua vez, o carácter profundamente novelesco do assunto, qualificado como "uma das farsas mais descaradas da História" por Stefan Zweig, tem servido como tema de numerosas obras literárias, entre elas, "O Grande Copto", poema de Goethe, ou a novela "L’Affaire du collier de reine-a" de Alejandro Dumas, tema mais tarde tomado por Hollywood para dar lugar a um filme.

Origens da fraude

 As origens da fraude encontram-se na instigadora cabeça de Jeanne Valois da Motte. Esta mulher, ainda que descendente da Casa Real dos Valois, tinha nascido na mais profunda pobreza, filha de um nobre empobrecido, Jacques de Saint-Rémy, quem, pese a ser um autêntico descendente da Casa de Valois, não tinha mais meios de subsistência a não ser a caça furtiva. A mãe de Jeanne, por sua vez, era de origem plebeia, e depois da morte de seu marido Jacques, teve que se dedicar à prostituição ao mesmo tempo em que obrigava a sua filha a exercer a mendicancia. Aos sete anos,  pedia esmola por um caminho próximo a Paris, Jeanne cruzou-se com o carro da marquesa de Boulainvilliers, a quem relatou sua história. A extraordinária circunstância de que alguém de sangue real pudesse estar a exercer a mendicancia fez co que a Marquesa se apiedasse de Jeanne e a acolhesse. Encontrou-a praça em um pensionato para filhas de nobres pobres onde Jeanne foi educada para ser freira. No entanto, a profunda ambição de Jeanne de Valois cedo chocou com o ambiente religioso do pensionato, do qual  escapou aos vinte e dois anos.

Depois de vagar um tempo pela França, Jeanne reapareceu em Bar-sul-Aube, onde estava acantonado um destacamento do exército francês. Depois de apresentar-se como Jeanne de Valois, entabulou relações com um oficial chamado Nicolas da Motte, com o que contrairia casamento. No entanto, os meios de seu marido eram escassos, pelo que decide usar sua ascendência como membro da Casa de Valois para ascender socialmente. Para isso recorre à pessoa de mais alta influência que conhece, sua antiga patroa, a Marquesa de Boulainvilliers, que a recebe no castelo do Cardeal de Rohan, a quem é apresentada.

O Cardeal do Rohan, ainda que de escassos dotes pessoais, era um dos prelados católicos mais ricos e importantes da França. Membro de uma das principais famílias da nobreza francesa, os Rohan, representava a diócese de Estrasburgo, uma das mais ricas da França, e era por isso mesmo o langrave da Alsacia; ademais, era o grand aumônier da corte (isto é, Grande Limosnero da França, máxima autoridade religiosa do corte de Versalles), pelo que controlava todos os donativos e obras de caridade do Rei da França, abade da riquísima abadia de Saint-Vaast, e provisor (financiador) da Sorbona. O carisma pessoal de Jeanne de Valois faz que cedo seja uma frequentadora assidua à camarilla do cardeal, e Jeanne de Valois não duvida em usar seu nome para associar-se com o mesmo, a quem cedo vê como a um pobre ingênuo do que obtém um posto de capitão da guarda real para seu marido, o título de condes de Valois da Motte para ambos, e o pagamento de todas as dívidas que o casal tinha contraído até então.

No entanto, sua ambição pessoal não para aí, e decide dar um passo a mais se apresentando, como Condesa de Valois da Motte, na Corte de Versalles, onde pretende introduzir-se nos círculos íntimos da Rainha María Antonieta. No entanto, pese a suas tentativas, não tem sucesso: não consegue ser apresentada à Rainha, ainda que seu nome e sua pessoa fossem conhecidos na Corte, onde começa a se deixar ver com freqüência. Seu fracasso, em vez de desanima-la, a incentiva para seguir ascendendo socialmente. Ante suas imensas despesas pessoais, começa a usar o fato de ser recebida na Corte para obter grandes somas de dinheiro dos prestamistas de Paris, aos que cedo sugere que pertence ao círculo íntimo da Rainha e da íntima amiga desta, madame de Polignac. Pese a ser totalmente falso, tal rumor começa a circular por Paris, o qual, junto com seu regio apelido e seu fastuoso padrão de vida faz que se lhe abram as portas da mais alta sociedade, que espera congraciar-se com ela. O fechado e exclusivo dos círculos da Rainha ajuda a tal fim, pois ninguém está em condições de refutar a pretendida amizade da condesa com María Antonieta, e suas contínuas visitas a corte fazem crer a todos o contrário.

A fraude ao cardeal de Rohan

O cardeal de Rohan Jeanne não descuida a seu antigo conhecido, o cardeal de Rohan, quem, se talvez por sua torpeza pessoal, se encontrava em desgraça nos círculos da rainha, aos que ambicionava pertencer como modo de ser nomeado, a instâncias da Rainha, premiê da França. Sua ingenuidade leva-lhe a achar que Jeanne de Valois realmente é íntima amiga da Rainha, pelo que cedo sugere àquela a possibilidade de que o ajude a congraciar-se de novo com María Antonieta. Em 1784, Jeanne de Valois começa a insinuar que sua suposta intima amiga estaria disposta a rejuntar-se com o cardeal. Começa a transmitir-lhe supostos comentários verbais da rainha, encaminhados a que o cardeal deduza que, ajudando economicamente a Jeanne de Valois, a rainha estaria disposta a receber de novo ao cardeal.

O casal Valois da Motte, ajudado por um tal Marc Rétaux de Villette, suposto secretário do conde e, em realidade, amante da condesa, começa assim a sangrar ao cardeal, de quem obtêm grandes somas de dinheiro (umas 60.000 libras inicialmente) com as que saldam dívidas, contraem outras, e, em definitivo, vivem por todo o alto. Em maio de 1784, para satisfazer a insistencia do cardeal, que se vai pondo a cada vez mais nervoso ante a falta de progressos no assunto da reconciliação, Jeanne de Valois toma uma decisão arriscada ao sugerir ao cardeal que, na próxima recepção real em Versalles, a rainha fá-lhe-á um verdadeiro gesto, sinal dos progressos na reconciliação. Ainda que o gesto da rainha não fosse mais que uma leve inclinação de fria cortesía para o principal prelado do corte, o cardeal o interpreta como o combinado sinal, e em agradecimiento para Jeanne de Valois, paga algumas dívidas da mesma.

Depois deste passo, faz-se evidente que o cardeal não poder-se-á contentar com meras mensagens verbais, e o casal Valois e Rétaux de Villette dão mais um passo mais na fraude ao cardeal. Este último, hábil calígrafo, redige uma carta na que María Antonieta perdoa ao cardeal, ao mesmo tempo em que se desculpa de não poder o receber publicamente, sugerindo a possibilidade de um encontro secreto. Cheio de alegria, o cardeal deixa-se sangrar ainda mais pelos Valois da Motte; recebe umas cartas mais de reconciliação e cedo começa a pedir, de maneira insistente, que Jeanne marque um encontro com a Rainha. A investigação posterior ao escândalo assinalará a incrível ingenuidade do cardeal, pois alguém de sua confiança teria que ter reconhecido as cartas recebidas como falsas ao ver que estavam assinadas com um María Antonieta da França, quando a Rainha assinava só María Antonieta.

Nessa época, cita-las galantes com mantos e capas nos bosques de Versalles faziam furor. A condesa da Motte tem descoberto a uma prostituta, Nicole Leguay, no Palais Royal de Paris, muito parecida à rainha. Contata com ela e consegue  convence-la para que se faça passar pela Rainha com o fim de ganhar uma aposta de um amigo. Depois de aliciar à prostituta sobre o que tem de dizer a dito amigo, e depois de a vestir com uma réplica de um conhecido vestido de María Antonieta, marca um encontro noturno com o cardeal. Assim, a noite do 11 de agosto de 1785, introduz à "falsa rainha" nos jardins de Versalles, e, pouco antes da alva, esta se encontra no bosque de Vénus com um aturdido cardeal, que crê ver nela a María Antonieta. A "falsa rainha" cumpre seu papel, e diz-lhe ao cardeal de Rohan que "todo o anterior está esquecido"; embevecido, o cardeal não acha resposta, e aturdido, aceita que a falsa Rainha volte rapidamente, com a escusa de que vão sentir sua falta no palácio.

Finalizado com sucesso o encontro, o cardeal vê-se já como Premiê da França. No entanto, não vê maneira de começar a ser recebido publicamente pela rainha. Jeanne de Valois sugere-lhe que quiçá deva congraciar-se com a mesma por médio de gestos de extraordinária generosidade. Assim, a condessa faz que supostas obras de caridade de María Antonieta comecem a ser sufragadas pelo cardeal: a rainha deseja pagar uma dívida de 50.000 libras contraída por uma antiga família da França, mas carece de fundos para isso; como toda a França sabia que a Rainha sempre andava metida em dívidas, o cardeal não duvida em se fazer cargo do assunto, e abona a Jeanne de Valois as 50.000 libras para que lhas entregue à Rainha. Depois disto, os Valois da Motte consideram feita sua fortuna; de vez em quando escreverão uma carta da rainha para o cardeal, o qual abonará a obra de caridade por intermedio da condesa Valois da Motte. O comboio de vida dos de Valois da Motte faz-se extraordinário graças a isso; no entanto, depende de manter sua influência sobre o cardeal, o qual, felizmente, se tinha visto forçado a voltar à Alsacia para atender assuntos de sua diócese.

O assunto do colar

Por aqueles tempos então, os joalheiros da corte Charles Boehmer e Marc Bassenge, se vêem em um grande aperto económico. Luis XV tinha encomendado para sua amante Madame du Barry um soberbo colar de diamantes a estes dois joalheiros. No entanto, a morte de Luis XV frustrou a operação, e os joalheiros tiveram que se contentar com o prejuízo do caríssimo colar. Desesperados, o tinham oferecido a corte de Espanha, e, ante a negativa de Carlos III a pagar os dois milhões de libras que pediam por ele, de volta a Versalles, onde o colar tinha acordado a admiração de María Antonieta já em 1782, que, pelo demais, também não se achava em condições de desembolsar o milhão setecentas mil libras que tinham pedido os joalheiros. Incapazes de vender o colar devido o altíssimo preço, os joalheiros estavam a ponto de  desfazer o colar quando sua existência chegou aos ouvidos da condesa Jeanne de Valois da Motte.
Usando seu nome e suposta amizade com a Rainha, a condessa consegue que em 29 de dezembro de 1784 os dois joalheiros lhe mostrem o colar. Admirada ante tal magnificência, a condessa decide fazer com o colar um favor ao cardeal. Faz-lhe saber que a rainha, dantes da pública reconciliação, precisa de um último favor do cardeal: deseja comprar um luxuoso colar, mas carece de efectivo para isso; propõe ao cardeal de Rohan que o compre em seu nome, e que posteriormente ela lhe abonará o custo do colar conforme cheguem os prazos; isto é, propõe ao cardeal de Rohan que atue como seu avalista e testa de ferro na compra do colar.
O cardeal, ainda que contente pela mostra de confiança que acha que lhe faz a Rainha, se mostra receioso: apesar de ser fabulosamente rico, o preço do colar, avaliado em até um milhão seiscentas mil libras, não deixa de lhe parecer uma exorbitância. Não obstante, acaba por aceder: com a cumplicidade oportuna de Cagliostro, o místico maçóm amigo do cardeal, a condesa consegue convencer ao prelado de que um oráculo confirma a conveniencia do assunto. A 29 de janeiro de 1785, o cardeal, totalmente convencido, compra o colar por um milhão seiscentas mil libras pagas em dois anos em quatro prazos semestrais, e entrega-lho à da Motte em 1 de fevereiro de 1785 que por sua vez, dá-lhe em presença do cardeal, e no meio de um grande segredo, a um suposto lacaio da Rainha, em realidade seu cúmplice Rétaux de Villette. Por ter favorecido esta negociação o joalheiro presentear-lhe-á com várias jóias.
Descoberta da fraude

 
Com o colar em suas mãos, os Valois da Motte acham-se em posse de uma fabulosa fortuna, maior do que tivessem sonhado. Desfazem o colar, e Rétaux de Villette começa a vender os diamantes do colar. Sua cobiça prejudica-os, pois pretendem vender diamantes por mais do efectivo que nenhum joalheiro de Paris possa dispor. Vêem-se com isso forçados a vender a baixo preço, o qual acorda receios e as queixas entre os joalheiros de Paris, que vêem cair o preço dos diamantes em consequência das vendas feitas pelos da Motte. Decidem queixar-se ante a polícia, transmitindo suas suspeitas de que os diamantes que Rétaux estão a vender são roubados. A polícia de Paris detém a Rétaux e interroga-o sobre a procedência dos diamantes; ao inteirar-se que são da supostamente poderosa condesa de Valois da Motte, o deixam em liberdade. Esta, não obstante, se dá conta do arriscado da operação, e o envia a seu esposo com o resto do colar a Londres, onde os joalheiros e banqueiros londrinos não fazem perguntas sobre uns diamantes vendidos a baixo preço.

Com os rendimentos da venda dos diamantes, os Valois retiram-se a Bar-sul-Aube, onde tinham adquirido previamente uma residência, e começam a viver com padrão de vida muito alto, sem que seu fastuoso estilo de vida levante suspeitas sobre a misteriosa origem de sua fortuna nem tão pouco sequer no próprio cardeal de Rohan, que não entende por que a rainha não use nunca o colar que  comprou. A condessa justifica isto com a desculpa de que a Rainha não deseja que seu esposo Luis XVI saiba que o tem até que esteja completamente pago, por ser talvez o Rei , conhecido por sua prudência econômica, desejasse devolver o carísimo colar. O cardeal dá-se por satisfeito, enquanto, no meio de uma vida de exorbitante luxo, a condesa convence-se a si mesma de que, em caso que o cardeal de Rohan se de conta da fraude, preferirá se manter em silêncio para evitar a pública humilhação de reconhecer que os Valois da Motte lhe defraudaram, ao todo, cerca de dois milhões de libras.

No entanto, a condessa não conhece os detalhes do contrato de compra que tinha assinado o cardeal de Rohan com os joalheiros, no que ficava claro que a destinatária e última pagadora do colar ia ser a Rainha. Conforme acerca-se o 1 de agosto de 1785, dia de vencimento do primeiro pagamento de 400.000 libras que tinha de fazer a Rainha ao cardeal, e este por sua vez aos joalheiros. A condessa começa a se dar conta de que toda sua fraude é tremendamente frágil, e ainda  conta com a possibilidade de que o cardeal, uma vez que, descubra que a Rainha não lhe vai pagar o colar, e com isso a fraude, não de importancia  ao assunto, decide por se talvez ganhar tempo pedindo aos joalheiros, em nome da Rainha, uma baixa no preço do colar de 200.000 libras, com o que espera desviar a atenção.

Os joalheiros, que mal podem sustentar sua penosa situação, decidem por fim ceder à redução do preço. Mas, em vez de comunicar-lhe à condessa, Charles Boehmer aproveita que o 12 de julho tem de se reunir com a Rainha para lhe entregar umas jóias e igualmente lhe entregar uma carta na qual lhe comunicam, em uma linguagem um tanto opaca e muito elogiosa, que "aceitam humildemente sua petição de redução". María Antonieta lê a carta, e não entende nada; destrói, como é habitual nela, a carta, achando que se trata de um escuro agradecimento escrito por parte de Boehmer. Boehmer, por sua vez, crê fechado ao fim o negócio.

Conforme acerca-se o dia do primeiro pagamento, não obstante, a condessa vai-se dando conta de que o joalheiro vai exigir o pagamento. Desesperada, decide por ao conhecimento dos joalheiros a fraude: envia-lhes uma carta na qual reconhece que a garantia de pagamento que o cardeal possui em nome da Rainha é falsa, mas que o cardeal, sendo rico, pode lhes pagar ele mesmo o colar. No entanto, os joalheiros desconfiam do cardeal, que sempre anda endividado e desesperados como estão, se apresentam ante a Rainha, achando que é ela a que possui o colar. Boehmer apresenta-se em Versalles o 13 de agosto, María Antonieta recebe-o, e em menos de um minuto descobre o joalheiro que a Rainha não tem o colar, nem tem conhecimento de nada sobre o assunto. Ao interrogar a Boehmer, descobre que o colar foi comprado pelo cardeal de Rohan em seu nome; María Antonieta, que, por influência de sua mãe María Teresa, despreza profundamente  de Rohan, se sente ultrajada por essa estratagema, na que crê ver uma vingança do próprio cardeal, a quem considera seu inimigo. Não se mostra disposta a passar por alto como de Rohan tem usado, supostamente, seu nome em seu próprio proveito, misturando em uma fraude.

Assim, a Rainha María Antonieta informa de maneira quase imediata a seu marido Luis XVI, e a 14 de agosto lhe exige que atue imediatamente contra o cardeal de Rohan, a quem acusa de ter usurpado do seu bom nome. Ao dia seguinte, a 15 de agosto, quando o cardeal –que é capelão do Rei- se prepara para celebrar com grande cerimónia a festa da Assunção, o Rei o chama a seu despacho privado e, em presença de María Antonieta, se vê obrigado a dar explicações a respeito do expediente apresentado contra ele. De Rohan mostra-se confundido, pois ainda acreditava contar com o favor da Rainha; pouco a pouco vai-se dando conta da fraude da que tem sido objeto e confessa ao Rei o novelesca envolvimento da condessa de Valois da Motte, de quem nem o Rei nem a Rainha tinham ouvido falar. A ira de María Antonieta, que acha que o cardeal a insulta ainda mais com essa história, cresce até o ponto de que urge a seu marido a que detenha imediatamente ao cardeal; Luis XVI cede, e, ante toda o corte reunida para a Assunção, o cardeal de Rohan é preso publicamente e encarcerado na Bastilla.

Processo e escandalo

 
 Conde Alessandro de Cagliostro, que se viu misturado no Assunto do Colar, teve que abandonar a França em consequência do mesmo. Ao deter o cardeal de Rohan de maneira pública explode um grande escandalo. A nobreza francesa, desde sempre inimiga com a Rainha, se sente atacada e insultada por tal manobra. O cardeal de Rohan é membro de uma das primeiras famílias da França, e o trato como foi recebido, sendo detido de maneira pública como a um vulgar ladrão, indigna profundamente à nobreza, que, considerando a Luis XVI como a uma pessoa débil e bonachona, não duvida em acusar a María Antonieta de ter orquestado todo o assunto para humilhar publicamente não só a de Rohan, senão à nobreza francesa em seu conjunto; imediatamente, toda a velha nobreza se posiciona a favor de de Rohan, e começa a instigar uma campanha de desprestigio contra a Rainha. Ao tempo, conforme vão-se conhecendo os detalhes da fraude, uma onda de indignação sacode ao povo da França, ao conhecer que enquanto eles mal vivem com uns poucos salários (centésima parte da libra), há nobres que gastam milhões em exorbitantes colares de diamantes.

Pouco depois da detenção de de Rohan, a própria condessa de Valois da Motte, claramente implicada no assunto, é detida; seu marido, por sua vez, havia fugido pra Londres com os últimos diamantes, e Rétaux de Villette já estava na Suíça. Igualmente, são detidos Nicole Leguay, a prostituta impostora da Rainha, e o místico Cagliostro, suspeito de se encontrar em cumplicidade com a condessa.

A instrução do caso, pretendidamente discreta, faz-se em realidade de maneira pública, e levanta um grande interesse tanto dentro como fora da França. Por último, os soberanos permitem-lhe escolher ao cardeal entre a Justiça do Rei ou a do Parlamento de Paris (uma sorte de Tribunal Supremo da França, que tinha sido reinstaurado por Luis XVI depois de sua abolição no reinado de Luis XV). O cardeal elege, habilmente, esta última, forçando um processo público dirigido por membros da própria nobreza, que compunham o tribunal.

A 22 de maio abre-se o processo no Parlamento de Paris. Desde um primeiro momento, fica claro que o processo vai além do assunto material do colar, ao se enfrentar, por um lado, a Rainha María Antonieta, que tão torpemente tinha forçado o assunto, e por outro a nobreza francesa que tanto a odeia. Qualquer sentença condenatoria para o cardeal fica excluída, ao estar claro que foi vítima de uma fraude. No entanto, o Parlamento deve eleger entre uma absolvição com reprovação para a conduta do cardeal, que usou o nome da Rainha sem seu consentimento, o qual afiançaría a posição de María Antonieta, ou uma absolvição completa, o qual afundaria a María Antonieta. As pressões sobre o tribunal são imensas, e depois de uma longa deliberação o Parlamento absolve, por vinte e seis votos em frente a vinte e três, de maneira completa ao cardeal de Rohan, a Nicole Leguay (a prostituta) e a Cagliostro, humilhando publicamente a Rainha e a monarquia francesa, cujo prestígio interno derruba-se. Igualmente, condena in absentia a Rétaux de Villette ao desterro, ao conde da Motte as galeras perpetuas, e a condessa é condenada a prisão perpétua em Salpêtriére.




Furiosa, María Antonieta pede ao Rei que o cardeal de Rohan faça sua renúncia como Capelão do Rei e seja exilado à Maison de Dieu, uma das abadias usufrutuarias do cardeal. O Rei aceita, e depois da sentença desterra o cardeal, ato que o povo e a nobreza vê como um atropelo à decisão do Parlamento,  ainda mas se cabe a imagem da monarquia francesa. O desterro, não obstante, só durará três anos, já que a 17 de março de 1788 o Rei autorizá-lo-á a regressar a sua Diocese. 

Por sua vez, poucas semanas após sua condenação, a condessa de Valois da Motte foge para Inglaterra: alguém (se desconhece quem) lhe abre a porta de sua cela e a ajuda a sair de prisão. Conforme a indignação geral pelos detalhes do processo, que põem de manifesto o insulto da corte, a condessa, refugiada em Londres, se dedica a incitar ainda mais o assunto. Publica umas memórias nas que mostra a María Antonieta como a uma sádica lesbiana dada a todo o tipo de infidelidades, orgías e deboches, e contribui com isso pra afundar a imagem pública da Rainha. Depois de estourar a Revolução Francesa em 1789, a Convenção, que vê nela  uma sorte de heroína trágica vítima da maldade de María Antonieta, a convida a regressar a França em 1791 com todas as honras. No entanto, pouco antes de regressar, a condessa atira-se, em 1791 da janela de sua casa em Londres em um ataque de histeria.


Obs: Texto de dificil tradução, tive que adaptar alguns termos sem ferir o corpo do texto, para que os leitores entendessem tão truncado assunto. Há alguns erros de gramática, porém não corrigi, diante de tradução tão complicada, optei por deixar para não alterar ainda mais o entendimento da História.
Elsy Myrian Pantoja




 


Bibliografía

Frantz Funck-Brentano, L'affaire du collier. - A mort de reine-a.

Stefan Zweig, Marie Antoinette.

John Haslip, Marie Antoinette.

Frantz Funck-Brentano, L’affaire du collier, d’après de nouveaux documents recueillis em partie par A. Bégis, Paris, 1901.

Jean-Claude Fauveau, Lhe prince Louis cardinal de Rohan-Guéméné ou lhes diamants du roi, L’Harmattan. 2007.em:Affair of the Diamond Necklace

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