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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Comemoração da Independência do Brasil



A separação política entre a colônia do Brasil e a metrópole portuguesa foi declarada oficialmente no dia 7 de setembro de 1822.

O processo de independência começa com o agravamento da crise do sistema colonial e se estende até a adoção da primeira Constituição brasileira, em 1824.

Cresce a condenação internacional ao absolutismo monárquico e ao colonialismo. Aumentam as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e o excesso de impostos numa época de livre-mercado e circulação de mercadorias.



A instalação da Corte portuguesa no Brasil, em 1808, contribui para a separação definitiva das duas nações. A abertura dos portos, a elevação da colônia à situação de reino e a criação do Reino Unido de Portugal, e Algarve praticamente cortam os vínculos coloniais e preparam a independência. Com a Revolução do Porto, em 1820, a burguesia portuguesa tenta fazer o Brasil retornar à situação de colônia.

A partir de 1821, as Cortes Constituintes - o Parlamento lusitano - tomam decisões contrárias aos interesses brasileiros, como a transferência de importantes órgãos administrativos para Lisboa. Também obrigam Dom João VI a jurar lealdade à Constituição por elas elaborada e a retornar imediatamente a Portugal.

O rei português volta, mas deixa no Brasil o filho Dom Pedro como Regente, para conduzir a separação política, caso fosse inevitável. Pressionado pelas Cortes Constituintes, Dom João VI chama Dom Pedro à Lisboa. Mas o príncipe regente resiste às pressões, que considera uma tentativa de esvaziar o poder da monarquia. Forma-se em torno dele um grupo de políticos brasileiros que defende a manutenção do status do Brasil no Reino Unido.

Em 29 de dezembro de 1821, Dom Pedro recebe um abaixo-assinado pedindo que não deixe o Brasil. Sua decisão de ficar é anunciada no dia 9 de janeiro do ano seguinte, num gesto enfático. O episódio passa à História como o Dia do Fico.

Entre os políticos que cercam o Regente estão os irmãos Antonio Carlos e José Bonifácio de Andrada e Silva, e o Visconde de Cairu, José da Silva Lisboa. Principal ministro e conselheiro de Dom Pedro, José Bonifácio luta, num primeiro momento, pela manutenção dos vínculos com a antiga metrópole, resguardando o mínimo de autonomia brasileira.

Convencido de que a separação é irreversível, aceita a independência desde que a monarquia continue. Para ele, o regime monárquico é o único capaz de neutralizar a intervenção portuguesa nas províncias e preservar a unidade político-territorial do país. Fora da Corte, outros líderes liberais, como Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, atuam nos jornais e nas lojas maçônicas. Fazem pesadas críticas ao colonialismo português e defendem total separação da metrópole.

Em 3 de junho de 1822, Dom Pedro recusa fidelidade à Constituição portuguesa e convoca a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto, baixa um decreto considerado inimigas tropas portuguesas que desembarquem no país. Cinco dias depois, assina o Manifesto às Nações Amigas, redigido por José Bonifácio. Nele, Dom Pedro justifica o rompimento com as Cortes Constituintes de Lisboa e assegura "a independência do Brasil, mas como reino irmão de Portugal".

Em protesto, os portugueses anulam a convocação da Assembléia Constituinte brasileira, ameaçam com o envio de tropas e exigem o retorno imediato do príncipe regente.

No dia 7 de setembro de 1822, numa viagem a São Paulo, Dom Pedro recebe as exigências das Cortes. Irritado, reage proclamando a Independência do Brasil. Em 12 de outubro de 1822, é aclamado imperador pelos pares do Reino e coroado pelo bispo do Rio de Janeiro em 1º de dezembro, recebendo o título de Dom Pedro I.

No início de 1823, realizam-se eleições para a Assembléia Constituinte da primeira Constituição do Império Brasileiro. A Assembléia é fechada em novembro por divergências com Dom Pedro I. Elaborada pelo Conselho de Estado, a Constituição é outorgada pelo imperador a 25 de março de 1824.

Com a Constituição em vigor e vencidas as últimas resistências portuguesas nas províncias, o processo da separação entre colônia e metrópole está concluído. Contra o liberalismo de setores das elites brasileiras, triunfa o espírito conservador e centralizador de José Bonifácio.

"Independência sem revolução" era a expressão usada na época para definir o pensamento do principal conselheiro de Dom Pedro I. Ele pregava a independência sem mudança de regime, ou seja, sem a proclamação da república, e sem nenhuma mudança social importante, como a extinção da escravidão.

Nome completo do Imperador Dom Pedro I (1798 - 1834): Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.

Sua frase histórica: "Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou Morte!". Em 7 de setembro de 1822, às 16:30hs.

Em 1972, na comemoração do sesquincentenário da Independência, os restos mortais de Dom Pedro I voltaram ao Brasil. Encontram-se no museu do Ipiranga.



Pesquisa feita no Almanaque Abril

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Projetos Suíços no Brasil

Iniciativa conjunta da Embaixada da Suíça no Brasil e do Consulado Geral da Suíça em São Paulo, o projeto Suíços do Brasil – apresentado neste website – tem o intuito de revelar a história da presença suíça em terras brasileiras e, por meio do material histórico e biográfico que se verá a seguir, resgatar os laços das relações suíço-brasileiras ao longo dos anos, trazendo para o presente novas fontes de pesquisa para estudiosos e interessados no assunto.



Família suíça na Hospedaria de Imigrantes em São Paulo, cerca de 1937







Acervo Memorial do ImigranteO Projeto Suíços do Brasil teve início em 2007 e gerou várias ações por parte dos organizadores.



Inicialmente, o Consulado geral da Suíça em São Paulo realizou uma pesquisa em acervos históricos, buscando reunir documentação sobre a imigração suíça no Brasil. Essa pesquisa deu origem ao núcleo da exposição Suíços do Brasil, inaugurada em agosto de 2009.

A exposição aborda o passado e o presente dos imigrantes e seus descendentes, apresentando um panorama histórico da imigração e biografias de suíços que se destacaram na sociedade brasileira.

De caráter itinerante, ela deve chegar a todas as regiões brasileiras onde a presença suíça é tema de interesse tanto das instituições como das comunidades locais.

Integrando ainda esse projeto, realizou-se o filme documentário (link), com depoimentos de suíços que vivem no Brasil e relatam histórias tanto afetivas como profissionais com o país que os acolheu. As entrevistas com Blanche Raval, Daniel Schupli, Heidi Caluori, Jean-Jacques Fontaine, Claudia Andujar, Gérard Moss e Thomas Rohrer ajudam a entender a história contemporânea dos suíços em território brasileiro.

O tema da imigração é amplo, as relações suíço-brasileiras não se esgotaram ao longo do tempo, o diálogo entre os dois países vem se renovando e os muitos interesses comuns apontam para a continuidade desse projeto.

Considerando, portanto, o caráter dinâmico das relações bilaterais entre ambos os países, o Consulado Geral da Suíça em São Paulo criou este website que, além de facilitar o acesso a todos os interessados no tema a este valioso acervo documental e iconográfico de imigrantes, é uma ferramenta de atualização contínua, que responde às expectativas de permanência do projeto.

Um vasto e prazeroso material de leitura, que contextualiza a história da imigração suíça no Brasil – dos primeiros desbravadores e missionários que chegaram ao país até os dias atuais –, acompanhado de fotos, gravuras, entrevistas e perfis de personalidades suíças ligadas a áreas como literatura, ciência, engenharia, música e artes plásticas fica à disposição no website Suíços do Brasil, aguardando as novas páginas dessa história...

Na Bagagem um pouco da Suíça

Cada imigrante suíço que desembarcou no Brasil trouxe na bagagem um pouco de seu país. A motivação da viagem varia conforme a época e a história individual: fuga da pobreza, motivos religiosos e ideológicos, busca de liberdade, gosto pela aventura, projetos pessoais ou profissionais, curiosidade científica, globalização da economia.

O painel delineado por esta exposição revela a diversidade de experiências que se mesclaram à sociedade brasileira. A história que os suíços escrevem no Brasil tem momentos de saga heroica, de superação de obstáculos e também muitos finais felizes, pois o encontro entre as culturas revelou-se generoso em criatividade e oportunidades.





Embarque de suíços para o Brasil no porto de Gênova, Itália, década de 1920



Acervo Memorial do Imigrante



Os desbravadores

Os suíços estiveram presentes desde os primeiros momentos da conquista do território brasileiro. Já em 1557 chegaram à baía de Guanabara 14 missionários calvinistas, vindos do cantão de Genebra em busca de uma terra livre de perseguições religiosas.

Durante anos, a vinda dos suíços seguiu marcada pela fé, pela conquista do território e pela transitoriedade. Até o século 19, os que se aventuravam pelo Brasil eram padres jesuítas, soldados mercenários e desbravadores, que não planejavam ficar por muito tempo. Os registros mostram chegadas esparsas, de norte a sul do país.



Passaportes suíços nos ano de 1954 (esquerda) e 2004 (direita)





Nova Friburgo, a primeira colônia

A crise econômica na Europa do século 19 inaugura uma nova etapa na história da imigração dos suíços. Pressionados pela competição dos países industrializados e pelas colheitas minguadas, os suíços deixaram a terra natal em massa. Para fugir da fome, cerca de 2 mil pessoas alistaram-se para emigrar entre 1818 e 1819.

Longas negociações entre o governo português e o cantão de Friburgo definiram os detalhes da chegada desse primeiro grande grupo. Ficou decidido que a colônia se chamaria Nova Friburgo e os imigrantes perderiam a cidadania suíça, tornando-se “súditos do rei de Portugal”.

Os 2.006 suíços que compraram esse sonho vinham de vários cantões: Friburgo, Berna, Valais, Vaud, Neuchâtel, Genebra, Aargau, Solothurn, Lucerna e Schwyz.

Não demorou para o sonho transformar-se em pesadelo. As condições da viagem foram tão precárias que apenas 1.617 chegaram (e 14 bebês nasceram durante a viagem). A região era assolada pela malária. Foi nesse cenário que os suíços pioneiros fundaram a primeira colônia de europeus não portugueses no Brasil.

Diante das más condições, em 1823 os colonos de Nova Friburgo se dividiram. Ficaram na colônia os que tinham melhor situação financeira, e os que não tinham nada a perder partiram para terras mais quentes no Vale do Paraíba e para outras cidades.

Em 1890, um decreto transformou a colônia em cidade.
A miragem da terra prometida

A propaganda dirigida aos suíços que desejavam emigrar, e que idealizava o Brasil como terra prometida, tinha a seu favor uma explosão demográfica na Suíça aliada a um momento de profunda crise econômica. Entre 1845 e 1846, a “doença da batata” (Kartoffelkrankheit) alastrou-se pelas plantações e comprometeu metade das colheitas daquele que era o principal alimento da época.

Essa coincidência de fatores incentivou a vinda de novos grupos a partir de 1850. Os suíços foram nessa época para as fazendas de café do Oeste Paulista, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.



Terreiro de Café da fazenda Ibicaba destacando-se a Casa de Máquinas, 1904





Acervo Família Levy- Carlota Schmidt Memorial Center

A Revolta de Ibicaba

O regime de semiescravidão era uma ameaça concreta para os cerca de 2 mil suíços que vieram trabalhar nas plantações de café, entre 1852 e 1857. Em 1856, a Revolta de Ibicaba, um protesto de colonos suíços contra as condições de vida na fazenda Ibicaba, em Limeira (SP), criou um incidente diplomático entre Brasil e Suíça. Pouco depois, era extinta a migração em massa para o Brasil.



Tulha de café da fazenda Ibicaba. Foto do início do século XX





Acervo Dra. Lotte Köhler - Carlota Schmidt Memorial Center


Dona Francisca, atual Joinville


Primeira vista de Joinville, antes da fundação. Desenho de 1850





Xilogravura publicada na “Illustrierte Zeitung” de 1851A história da maior cidade de Santa Catarina começa com o projeto de colonização liderado pelo senador alemão Christian Matthias Schroeder, dono da Sociedade Colonizadora Hamburguesa. Em 1851, chegaram ali 75 suíços e 43 alemães.

Austríacos, belgas, escandinavos, franceses, holandeses e noruegueses integravam também o grupo de fundadores. Eles ocuparam uma área que havia pertencido a Francisca Carolina, filha de D. Pedro I, daí o nome da colônia.

Clima adverso, infraestrutura precária. Dez anos depois de sua fundação, centenas de imigrantes partiram para São Francisco do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul e, principalmente, para o planalto de Curitiba.

“Coin de Forêt avec Fougères Arborescentes”, aquarela com guache e verniz, por William Michaud, século 19





Acervo Musée Historique Vevey, SuíçaSuperagui



A Colônia de Superagui foi fundada, em 1852, pelo cônsul suíço em São Paulo, Charles Perret-Gentil, que comprou 35 hectares na região de Guaraqueçaba, no Paraná. Treze famílias europeias, vindas da Suíça, França, Itália e Dinamarca, foram as primeiras a chegar. O pintor William Michaud, que ali viveu, retratou em suas aquarelas as paisagens da região. A colônia prosperou com a plantação de café e com a pesca. Chegou a ter 150 casas em 1879. Com a dispersão dos descendentes dos primeiros colonos, o censo de 1920 registrou apenas 125 moradores.



Outras colônias

Os suíços também estiveram presentes, embora em menor número, em outras colônias espalhadas por todo o Brasil.



No Amapá, fundaram a Colônia de Vila Vistoza de Madre de Deus (1767), entre os municípios de Macapá e Mazagão. Na Bahia, surgiu a Colônia Leopoldina (1818), no município de Mucuri.



No Espírito Santo, a Colônia de Santa Isabel (1846) deu origem ao município de Domingos Martins. Em 1856, os imigrantes fundaram outras duas colônias nesse mesmo estado: Santa Leopoldina, hoje município de mesmo nome, e Rio Novo, município de Rio Novo do Sul.



Em Santa Catarina, os suíços fundaram a Nova Helvetia (1897), no município de Ibirama, a Colônia de Presidente Getúlio (1904) e a de Bom Retiro (1922), em municípios com o mesmo nome.



Em São Paulo, participaram da criação da Colônia Holambra II (1960), no município de Holambra.



No Rio Grande do Sul, fundaram as colônias Santa Luzia e Santa Clara (1824), em Montenegro, atualmente município de Carlos Barbosa, e a Colônia Roca Sales (1881), no município homônimo.



Rio São Francisco


Imagem de Margi Moss. Acervo Brasil das ÁguasBrasil por opção

Nos séculos 20 e 21, os suíços que se estabelecem no Brasil têm um perfil diferente dos imigrantes suíços que os precederam. Elegem o Brasil para viver por encontrar no país oportunidades e amigos. São artistas, cientistas, empresários.



Na bagagem, trazem espírito empreendedor, respeito pelo ambiente, exigência de qualidade, conhecimento, técnica, criatividade, investimentos. Terminada a Segunda Guerra Mundial, grandes empresas e bancos suíços participaram nos anos 1950 da internacionalização da produção industrial no Brasil. Outro momento de grandes investimentos verificou-se no final dos anos 90, com a liberalização da economia e a privatização de empresas estatais brasileiras.

Suíça e Brasil selaram, em 2007, um acordo de cooperação bilateral nas áreas política, econômica, científica e tecnológica, estabelecendo uma parceria estratégica. O Brasil representa hoje 35% dos negócios suíços na América Latina, segundo dados da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira.


Fonte de pesquisa : http://www.suicosdobrasil.com.br/biografias

Nicolau Pereira de Campos Vergueiro Bragança, Portugal. 1778–1859

 
 

 

 

Quem passa por uma das ruas Senador Vergueiro que existem hoje em pelo menos dez cidades brasileiras não imagina quão controverso foi esse português que promoveu a vinda de imigrantes suíços para o Brasil.

Nicolau Pereira de Campos Vergueiro era contra colônias de povoamento, nas quais as terras eram doadas aos imigrantes. Dizia que doar terras “não atendia às necessidades do Império”, na época em busca de mão de obra livre para substituir os escravos.

Para cultivar as fazendas de café, o senador criou o sistema de parceria. Ele funcionaria, segundo o senador, como um “viveiro” de futuros proprietários de terras.

Óleo sobre tela “Cafezal da Fazenda Ibicaba”, de Henrique Manzo

—Acervo Museu Paulista da Universidade de São Paulo. Imagem por José Rosael Os contratos oferecidos por sua empresa, Vergueiro & Cia, estabeleciam que as dívidas de viagem seriam pagas pelos fazendeiros. Os lucros da colheita seriam divididos entre colonos e proprietários de terras.



Em 1847, começaram a chegar as primeiras famílias trazidas por esse acordo. O modelo, aparentemente justo, na prática não favorecia os imigrantes. A parceria não atendia a seus sonhos de enriquecimento, não lhes oferecia uma vida confortável e os prendia ao fazendeiro por muitos anos.

Os colonos viviam, muitas vezes, em condições semelhantes às dos escravos.

Liderados por Thomas Davatz, os colonos suíços da Fazenda Ibicaba de Limeira (SP) promoveram, em 1856, um levante. A Revolta de Ibicaba, como ficou conhecida, marcou o fracasso do sistema de parceria e a história dos direitos trabalhistas no Brasil.

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