Seguidores

sábado, 2 de outubro de 2010

PALÁCIO DE VERSALHES




Um mundo à parte: assim é Versalhes no final do século I8. Além do enorme palácio real, o local é composto por prédios anexos que abrigam toda a corte e servem de sede do governo. A 23 quilômetros de Paris e alheios à vida miserável da maioria dos franceses, os nobres vivem uma rotina de futilidades financiada pelos impostos cobrados da população. As 10 mil pessoas instaladas aqui (quase 3 mil membros da nobreza e, de resto, empregados e funcionários) gastam 6% de toda a arrecadação francesa. Quase todo o resto é consumido por dívidas militares e sobra muito pouco para os outros 19 milhões de franceses espalhados pelo país. Desinteressado de seu papel de governante, Luís XVI se mantém distante das atividades políticas.

A rainha, Maria Antonieta, distrai a corte com boa música, jogos e festas caríssimas que arrastam o país ao extremo da irresponsabilidade administrativa. Um dia na história do Palácio de Versalhes é suficiente para entender os motivos da revolução que viria em 1789, levaria os reis à guilhotina e poria fim à monarquia absolutista.

Saiba mais
www.chateauversailles.fr

OUI MADAME, NON MONSIEUR
Os empregados da corte vêm de famílias pobres e têm, entre outras obrigações, que recolher penicos e escarradeiras e despejar o conteúdo nas fossas do lado de fora do palácio. Mas trabalhar no palácio tem suas vantagens: a comida é farta e é possível subir posições dependendo do talento ou de favores. Em dias de festas, sem a presença de lacaios, os nobres urinam atrás das cortinas dos salões

CABEÇAS COROADAS

Grandes festas acontecem pelo menos três vezes por semana. Algumas duram dias e têm óperas e jogos nos jardins. Há também recepções mais íntimas, organizadas no Petit Trianon, a residência particular da rainha. Para se ter uma idéia, só os gastos ali somam 1 milhão de libras por ano. O rei raramente participa desses embalos. Ele leva uma vida quase reclusa em seus aposentos, com amigos, amantes e gatos

PEGA LADRÃO

Apesar da numerosa guarda real, é comum haver larápios e batedores de carteira infiltrados nas festas. Relógios, moedas e objetos valiosos somem com freqüência, até dentro dos aposentos do rei. Também ficam cada vez mais constantes as visitas de indigentes ao palácio. É uma massa faminta e indignada com a boa vida da nobreza que, um dia, fará eclodir uma revolução

PARADA DE SUCESSO
As artes recebem grandes incentivos da corte. Mozart e Salieri se apresentam em concertos semanais. Peças de teatro são financiadas pela rainha (quase 1200 foram encenadas nos 19 anos de reinado) e mais de 20 mil obras entre pinturas, desenhos e esculturas estão expostas no palácio. Pensadores e intelectuais também são respeitados e se tornam assuntos nas rodinhas. Trata-se de gente como Diderot, Rousseau e Robespierre

DIETA JÁ

Comer é uma festa. Aqui, um almocinho simples envolve dezenas de empregados, cerca de 40 bocas para alimentar. São pelo menos sete opções de pratos para cada um dos serviços: entradas, sopas, carnes, assados, vegetais e legumes, sobremesas, cafés, licores. Os pratos impressionam o paladar e os olhos. Num único dia, são consumidos 60 gansos, além de dezenas de peixes e outras aves em quantidade ainda superior

VERDE PARA POUCOS
Passear pelos canteiros dispostos em formas geométricas é uma das atividades mais comuns e prazerosas por aqui. O próprio rei Luís XVI costuma caminhar de 4 a 8 quilômetros entre os 132 quilômetros de ruelas ladeadas por árvores frutíferas. Para manter esse verde todo, além dos canais, lagos e fontes são necessários 3600 metros cúbicos de água por hora. Enquanto isso, apenas algumas dezenas de casas têm água em Paris

CUSTO DE VIDA

Manter-se em Versalhes é caríssimo: é preciso vestir-se de maneira luxuosa, ter dinheiro para os jogos de cartas, para as carruagens e os cabeleireiros. Enquanto uma família burguesa de vida mediana gasta 15 mil libras por ano, uma duquesa gasta a mesma quantia em um único vestido, bordado a ouro. Os burgueses – que negociam os tais tecidos – estão enriquecendo à custa dos caros hábitos da nobreza

CONSPIRAÇÃO
A pouca afinidade do rei Luís XVI com a política abre espaço a facções políticas afeitas a todo tipo de corrupção e intriga, as chamadas coteries. A convivência tão próxima de grupos divergentes cria um clima cínico nos salões, onde as conspirações são comuns e gestos e olhares estão sempre carregados de segundas intenções

Revista Aventuras na História

Um comentário:

  1. Adoráveis as ótimas lembranças de História que tive aqui, especialmente deste período que adoro: ganhei uma gincana no colégio sobre a queda da monarquia, rs! Abraço!

    ResponderExcluir